Em diversas questões e debates socioambientais, o consumo fast fashion e o movimento slow fashion se contrapõem quando o assunto é instantaneidade e sustentabilidade no mundo da moda

O conceito de moda é variável, na verdade, multifacetado e polissêmico. Todavia, superficialmente pode ser sintetizado nas três indagações supracitadas. Afinal de contas, estar na moda é seguir a nova onda do momento, as cores da estação e as efemérides de uma nova roupagem que a figura x ou a marca y estão vestindo e criando.
Além disso, também é uma forma de expor sua personalidade por intermédio de algo palpável e corpóreo a quem te cerca – e é essa a grande sensação de pertencimento e representação que alavanca o crescimento dessa indústria no Brasil e no mundo. Pessoas não vestem roupas, as pessoas vestem ideologias, gostos e estilos que as representam, tanto na modelagem das vestimentas, quanto no posicionamento das marcas que compram.
Como o Fast Fashion e o Slow Fashion estão interligados com a moda?
No meio dessa junção e abstração de conceitos, dois fenômenos, também opostos, ganham destaque nesse tema: fast fashion e slow fashion. O primeiro, traduzido como moda rápida, diz respeito a massificação que conhecemos na empresa têxtil , isto é, produção em larga escala de produtos com pouca durabilidade e rápido descarte.
Por outro lado, o slow fashion simboliza exatamente o oposto do que é propagado pela fast fashion, a medida que o mesmo preconiza uma produção em consonância com a preservação ambiental, o desenvolvimento sustentável e priorização de roupas que tenham o maior período de tempo possível de conservação, e consequentemente de reutilização.
Em posições contrárias, ambos continuam a crescer. Se por um lado, essa produção veloz e consumista consegue mudar estilos em menos de uma semana através da produção constante de novas coleções. Em outra perspectiva, o pensamento ecológico e humanizado – premissas vitais no slow fashion – impulsiona novas metodologias de reaproveitamento vestuário, como vem acontecendo com o aumento de brechós e páginas de desapego nas redes sociais.

E qual o problema dessa moda tão veloz?
Mergulhar na moda instantânea é conseguir estar dentro das atualizações por um preço barato e acessível. Contudo, o grande problema está presente em um cerne muito mais profundo: a poluição ambiental e a obtenção de vestimentas com uma vida útil extremamente curta.
Isso porque, partindo da ideia de que essa produção é feita com o intuito de ser substituída na próxima semana, é notório que sua usabilidade não favorece sua reutilização. E, essa situação também é desencadeada pela escolha dos materiais, haja vista que conseguir produzir com tamanha rapidez e por uma precificação tão baixa é consequência da utilização de tecidos de baixo custo e mão de obra barata que, em grande parte dos casos, não é nem legalizada, chegando muitas vezes a assemelhação de condições análogas a escravidão.
Os efeitos dessa comercialização em massa ocasionam um efeito dominó, prejudicando não só a fauna e a flora ambiental – vide a utilização de substâncias tóxicas na formulação de tecidos artificiais e seus descartes incorretos em solos e mares – como também a reutilização e a doação das peças, que em pouco tempo perdem a cor, o brilho e a costura, impedindo seu reuso.

Fatores sociais também influenciam esse consumo?
Não podemos fechar os olhos para uma grande realidade: muitas pessoas se submetem a esse tipo de consumo por questões sociais e econômicas. Esse tipo de roupa oferece uma acessibilidade muito maior quando comparado a roupas que tenham uma cadeia de produção de materiais têxteis 100% naturais.
Por essa razão, é tão importante incentivar medidas sustentáveis e acessíveis no espectro contemporâneo, como acontece com os brechós. Infelizmente, ainda existem muitos preconceitos e julgamentos sobre a compra de roupas que já foram utilizadas por outras pessoas. Porém, essas “trocas comerciais” favorecem muito o consumo consciente e a diminuição dos danos ambientais.
Com novas perspectivas e adotando hábitos sustentáveis, podemos trabalhar para diminuir os impactos negativos do consumo fast fashion, não é mesmo?
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Por: Felipe Nunes, Jornal Jr – UNESP Bauru