Jejuar é uma palavra antiga e conhecida, seja para emagrecer ou até por motivos religiosos. Contudo, o que tem sucesso recente e é sempre motivo de opiniões das mais diversas é o jejum intermitente. Mas será que isso funciona mesmo? Pode causar algum problema com a saúde de quem adere a esse método? A UpCuesta conversou com especialistas em Nutrição para saber mais a respeito.
A nutricionista e professora Mariana Bordinhon aponta alguns possíveis riscos para as pessoas ficarem atentas. “Desnutrição: Se não for planejado corretamente, pode levar a uma ingestão insuficiente de nutrientes essenciais, resultando em deficiências nutricionais. Compulsão alimentar: Algumas pessoas podem experimentar episódios de compulsão alimentar durante os períodos de alimentação, especialmente se sentirem muita fome. Efeitos negativos no humor: O jejum pode afetar o humor e aumentar a irritabilidade, principalmente em períodos prolongados sem comida”.
Para a professora Mariana Bordinhon, é importante ainda tomar cuidado com outros possíveis problemas. “Dificuldades de concentração: Algumas pessoas relatam dificuldades de concentração ou fadiga durante os períodos de jejum. Problemas gastrointestinais: O jejum pode causar desconfortos como dor de estômago, constipação ou indigestão, especialmente se a alimentação for excessivamente rica durante os períodos de refeição. Impacto em condições médicas: Pessoas com diabetes, problemas de tireóide, transtornos alimentares ou outras condições de saúde devem ter cuidado, pois, o jejum pode agravar esses problemas”.
Mariana Bordinhon faz mais alguns alertas. “Efeitos sobre o ciclo menstrual: Algumas mulheres podem experimentar alterações no ciclo menstrual devido às mudanças nos padrões alimentares e de energia. Desidratação: Durante o jejum, é importante manter a hidratação. A falta de ingestão de líquidos pode levar à desidratação”.
“O jejum intermitente pode não ser adequado para todos. Pessoas com certas condições médicas, mulheres grávidas ou lactantes, e aquelas com histórico de distúrbios alimentares devem consultar um profissional de saúde antes de iniciar essa prática”, diz a professora Mariana.
Contudo, Mariana Bordinhon aponta alguns potenciais benefícios do jejum intermitente. “Pode ajudar a reduzir a ingestão calórica total e aumentar a queima de gordura, melhora na sensibilidade à insulina, pois pode ajudar a regular os níveis de açúcar no sangue”, afirma. Ela também cita outro lado positivo: saúde cardiovascular. “Estudos sugerem que pode melhorar marcadores de saúde cardiovascular, como pressão arterial e níveis de colesterol”, justifica a nutricionista.
Questionada se existe algum método infalível para emagrecer, Mariana é categórica em sua resposta. “Não, para emagrecer deve-se usar alguma estratégia orientada por um nutricionista, de restrição calórica. Isso varia de perfil pessoal e saúde. O melhor método é a restrição calórica em conjunto com gasto calórico por meio de atividade física. Cada pessoa poderá ser orientada por um profissional nutricionista de qual é o melhor método para ela”.
Segundo explicação da nutricionista Marcela Ignoti, o jejum intermitente é uma prática milenar. “É uma das estratégias mais antigas e que tem mais estudos sobre. Quando falamos em estratégias para emagrecimento hoje, existem inúmeras e o jejum é uma das mais antigas e mais praticadas. Realmente funciona, realmente é indicado? Depende para quem, depende para que. Quando falamos de alimentação e estratégias tudo tem que ser individualizado de acordo com a realidade de cada pessoa, com o que a pessoa precisa naquele momento e a fase de vida daquela pessoa. E de acordo com a fase de vida de cada pessoa também. Qualquer estratégia de emagrecimento em determinada fase da vida pode ser ótima ou pode ser péssima e atrapalhar tudo”, conta.
A nutricionista Marcela dá uma dica importante: “O jejum, quando é bem feito, ele traz inúmeros benefícios, mas não podemos usar como estratégia de compensação, como por exemplo ‘como muito e agora vou ficar um tempo sem comer para compensar isso’, não é assim que funciona e que vai trazer resultados. Os benefícios incluem ajuda na flexibilidade metabólica, ensina o corpo a trabalhar bem, independente da fonte de energia que ele está recebendo, aumenta a biogênese mitocondrial, então aumenta a produção de energia física e mental, ajuda na respiração celular, melhora a sensibilidade à insulina”, cita ela, dentre outros benefícios.
“Não existe uma estratégia que funcione para todo mundo, o que funciona para mim, pode não funcionar para você, então sempre temos que trabalhar com a individualidade de cada um. O jejum intermitente é uma estratégia, mas não é a única”, sentencia Marcela Ignoti.
O que existe de principal para a nutricionista Marcela é fazer o básico bem feito, sem necessidade de “coisas mirabolantes” e isso, afirma, não inclui apenas o que a pessoa come ou deixa de comer, mas também as horas de sono, a mastigação correta, a quantidade, os horários de alimentação, sono e funcionamento do intestino.
Por isso tudo, Marcela Ignoti diz não ser a favor ou contra qualquer método, valorizando entender cada paciente e o que cabe para aquela pessoa para aplicar e sendo algo que a pessoa consiga colocar em prática.