A moda e seu impacto no meio ambiente
A indústria da moda é a segunda que mais polui o mundo, perdendo apenas para a petrolífera. Boa parte disso é resultado do modelo de produção acelerada, consumo e descarte.
Um estudo realizado pela UNCTAD (sigla em inglês para Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) aponta os seguintes dados sobre as consequências da indústria têxtil:
• 8% das emissões de gases de efeito estufa (GEE);
• 215 bilhões de litros de água por ano;
• 500 mil toneladas de microfibras descartadas no mar; e
• 20% das águas residuais do mundo.
E a tendência é aumentar. Se nada mudar, as emissões da moda devem crescer mais de 60% até 2030.
Uma das peças coringas do nosso guarda-roupa é também uma das que mais impactam o meio ambiente durante a produção. “Fazer um par de jeans requer cerca de 7,5 mil litros de água, o equivalente à quantidade que uma pessoa média bebe em sete anos”, aponta relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
No Brasil, o projeto Pegada Hídrica Vicunha – do Movimento Ecoera, empresa de consultoria e ensino de sustentabilidade para os mercados de moda, beleza e design – mapeou o consumo de água no ciclo de vida de uma calça jeans no Brasil, desde o plantio do algodão, até o consumidor final. Os resultados mostraram que a indústria brasileira gasta, em média, 5.196 mil litros de água para produzir uma única peça de calça jeans.
Ademais, somente em Florianópolis, cerca de 6,5 mil toneladas de roupas usadas são jogadas todos os anos em aterros sanitários. As informações são da Superintendência de Gestão de Resíduos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
A indústria têxtil também promove desigualdades sociais, oferecendo condições de trabalho precárias e contribuindo para aumentar o abismo no desenvolvimento global entre os hemisférios norte e sul. O fato de produzir mais e a busca para maximizar lucros foi imposta a despeito dos direitos dos trabalhadores e condições mínimas de direitos humanos.
Como as grandes empresas do setor trabalham com empresas intermediárias, que, por sua vez, subcontratam serviços a empresas menores, o que leva a uma rede difícil de controlar. O elo mais fraco da cadeia, ou seja, os funcionários, é o que mais sofre.
Solução
Contra esse modelo destrutivo, surge o movimento de moda sustentável. A ONU formou a Aliança pela Moda Sustentável na Assembléia das Nações Unidas para o Meio Ambiente de 2019, que ocorreu em Nairóbi, Quênia.
É uma alternativa à produção e ao consumo têxtil que se concentra no conceito de redução, reutilização e reciclagem para cuidar das pessoas, do meio ambiente e do produto.
Há o surgimento de alternativas que permitam prolongar a vida útil das roupas e reutilizá-las, como por exemplo de segunda mão, empréstimo, aluguel, bibliotecas de moda e armários baseados em nuvens, ou que facilitem a descapitalização dos guarda-roupas, seja por permuta, lugares de troca ou auto costura.
O modelo também é chamado de slow fashion (moda lenta), pois propõe uma produção sustentável, desacelerada, descentralizada, em pequena escala, local, ecossocial, que respeita os limites biofísicos da terra e mantém as tradições têxteis indígenas.
Dicas
1. Olhar para o guarda-roupa
Como qualquer mudança de hábito, estar consciente da moda requer, antes de mais nada, um olhar introspectivo. O exercício de analisar o guarda-roupa é semelhante a olhar para o espelho – você olha e percebe o que gosta e o que não gosta.
2. Reorganizar
Depois de observar o que se tem, pode-se dar lugar à segunda dica recomendada por especialistas: reorganizar ou atualizar o guarda-roupa pelo menos a cada duas semanas.
3. Aplicar os 3Rs: reutilizar, reciclar e reduzir
A economia circular propõe um modelo que coloca peso sobre os chamados 3Rs.
4. Ler o rótulo
Todas as informações de que precisamos ao decidir se devemos ou não usar uma peça de vestuário devem estar na etiqueta.
5. Priorizar as marcas locais
O processo de fabricação têxtil é um processo longo. As distâncias têm impacto sobre as emissões de gases de efeito estufa. O envio de uma peça de vestuário da China para um país latino-americano, por exemplo, gera mais danos ambientais que uma peça de vestuário que é fabricada e distribuída dentro da mesma região, cidade ou país.
6. Envolver-se
Há um conselho que faz toda a diferença: envolva-se na mudança.
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Por Giovanna Santana, Jornal Jr – UNESP Bauru.