Na série televisa Stranger Things o resgate da cultura popular dos anos 1980 ganha força com a referência nostálgica ao jogo de tabuleiro Role Playing Game, ou simplesmente RPG.
Desde a primeira temporada a série constrói o RPG como traço fundamental para a caracterização tanto da série quanto dos personagens. Porém foi com o lançamento da 4º temporada que o jogo foi reavivado ainda mais na lembrança das pessoas.
O jogo RPG Dungeons & Dragons moveu a produção da 4º temporada, um clássico dos tabuleiros criado em 1974 que tornou-se parte central da trama e uniu todo um conjunto de problemáticas atribuídas ao jogo.
Origem do RPG
Ainda que tenha retratado o auge das acusações contra o RPG, os criadores da série não deixam de salientar o quão importante é a apresentação deste jogo para dar vida ao cenário ficcional dos anos 1980.
Graças à Stranger Things, o RPG alcançou novamente a popularidade e conquistou o carisma tanto dos jovens quanto dos adultos, que, assim como os personagens da série, gastam as tardes jogando e se divertindo com os amigos.
RPG é uma sigla em inglês, traduzida como “Jogo de Interpretação de Personagens” ou “Jogo de Interpretação de Pápeis”. Criado nos Estados Unidos em 1971, com o lançamento do The Fantasy Game, rebatizado em 1974 de Dungeons & Dragons, no RPG os jogadores assumem a identidade de personagens fictícios, em um mundo imaginário.
Como jogar
Os jogos de RPG tem diversas formas de jogar. As mais comuns são através da atuação literal, na qual, durante o jogo, os jogadores falam e se vestem como seus personagens. Os “players” vivem aventuras que lembram os clássicos épicos da literatura e do cinema: enfrentam monstros, lutam contra o vilão, etc.
Em qualquer modalidade, as histórias são guiadas por um jogador denominado “mestre”, que ordena a trama, caracteriza os cenários, estabelece quais inimigos os outros jogadores enfrentarão, etc. Nesse meio-tempo, os demais jogadores tomam suas decisões de forma livre conforme as situações narradas pelos mestre.
Os benefícios do RPG
Mais do que um mero jogo de tabuleiro, ele traz benefícios para a saúde mental e auxilia no desenvolvimento cognitivo e social. Isso porque ativa o cérebro, treina a capacidade de raciocínio e promove a interação, mesmo que virtual, com outros indivíduos.
A recente pandemia da Covid-19 desenvolveu em muitos problemas e inseguranças psicológicas devido ao isolamento social. Não poder ter contato direto com ninguém, desestruturou toda a rede de apoio com a qual contavam as pessoas antes da pandemia.
Para quem já era um(a) jogador(a) assíduo e para aqueles que passaram a ser, driblar a depressão e a ansiedade foi uma tarefa amenizada pelo fato de jogarem, ainda que virtualmente.
No RPG é possível ter contato com jogadores diferentes a cada partida, ou seja, jogadores que não fazem parte do seu núcleo de amigos. Quando isso ocorre de maneira virtual é mais fácil criar laços e estabelecer relações, pois dispensa-se seguir a formalidade de uma conversa.
Essa reduziu a sensação de se estar sozinho durante o período pandêmico e ajudou as pessoas que sofrem de problemas psicológicos, como depressão e ansiedade, a criar um eixo de suporte e que aliviasse o sufoco do isolamento.
Até mesmo o estresse pode ser abrandado por jogar RPG. O escape da realidade e a possibilidade de entrar uma realidade totalmente paralela facilitam esquecer dos problemas do cotidiano, mesmo que por um curto tempo.
Campanhas
Em 2021, o movimento Falar Inspira Vida para o Setembro Amarelo e o RPG se uniram para a divulgação do jogo Jornada do Acolhimento. A criação tem o objetivo de conscientizar sobre como acolher pessoas que sofrem com um quadro de depressão.
Descoberta, Superação, Esperança e Cuidado são as etapas do jogo. O objetivo de cada uma é enfraquecer os estigmas acerca da doença. Além de cada etapa ser uma pequena aula sobre os desafios que enfrentam as pessoas diagnosticadas com depressão.
A Educação é também uma área influenciada positivamente pelo RPG. A narrativa construída pelo jogador “mestre”, a integração completa com as novas demandas do jogo, as regras e as ambientações contribuem para promover o desenvolvimento de habilidade e competências.
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Por: Letícia Hasman Jornal Jr – Unesp Bauru