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Up Enfoque – Série Sustentabilidade – Dr Weber Galvão Novaes

O risco de fauna em aeroportos e o serviços de consultoria 

O entrevistado de hoje é o Dr. Weber Novaes. Weber tem 17 anos de experiência em gerenciamento de fauna e é dos pioneiros no Brasil a atuar no gerenciamento de risco de fauna em aeródromo. Ele é diretor técnico científico e coordenador de projetos na empresa ProHabitat que foi fundada em 2018. Prohabitat é uma empresa que nasceu de outros projetos de consultoria e da necessidade de um gerenciamento de fauna para execução de atividades de algumas empresas como aviação, transporte, rodovias, etc. As atividades desempenhadas por estas empresas terão conflito com a fauna em algum momento, e por esse motivo, existe a necessidade de contratação da consultora para propor medidas e planos de ação que vão mitigar esses efeitos de risco de fauna. O objetivo é sempre zelar pelo bem-estar e segurança da fauna e de todos envolvidos na atividade. Weber destaca que a fauna quando está em risco, os animais representam o lado mais frágil do conflito, pois o animal em decorrência de conflito perde a vida. Vale ressaltar, que o indivíduo também pode gerar risco a fauna de forma isolada, seja com descarte incorreto de lixo orgânico ou por meio da alimentação dos animais domésticos e não domesticáveis em área de risco. 

As propostas de medidas para mitigação de risco e proteção de fauna em aeródromo representam temas debatidos por anos e tem registro na literatura desde meados de 1960. As transformações resultantes da crescente ocupação humana como: fragmentação de habitat, devastação de florestas, criação de animais de fazenda, construção de prédios envidraçados, construção de usinas eólicas no país, entre outros, tem como consequência a diminuição cada vez maior das áreas verdes e ao longo do tempo causam conflito entre o homem e a fauna. Comumente, quando estamos nos referindo ao conflito entre homem e fauna, estamos nos referindo ao efeito da invasão do homem nos espaços previamente ocupados pelos animais. O sítio aeroportuário representa toda a área que circunda os aeroportos e esses locais são ambientes altamente atrativos para a fauna, pois tem disponibilidade de recursos para esses animais. Segundo o Weber, no Brasil, até meados de 2010 a legislação sobre colisões de aeronaves com a fauna era escassa. Colisões com animais que são considerados uma grande ameaça à segurança aeronáutica, assim após o acidente em 2009 quando o Airbus fez uma aterrissagem emergencial no rio Hudson, em Nova York, EUA, minutos depois da decolagem devido problemas nas turbinas provocado por gansos. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), em 2014, publicou o primeiro regulamento, RBA nº 164, sobre Gerenciamento do Risco da Fauna nos Aeródromos Públicos Brasileiros. Esse regulamento fornece diretrizes ao aeroportos para o programa de gerenciamento de fauna e aprovação do órgão ambiental. Um fator importante é observação e identificação das estruturas que são consideradas atrativas para os animais, pois muitas vezes o afugentamento e o manejo do animal não resolve o problema por completo, pois novos animais serão atraídos por estas estruturas já existentes.

Vale ressaltar ainda que a educação ambiental é parte fundamental do processo de gerenciamento, por isso, existe um programa de sensibilização da comunidade aeroportuária, que inclui todos os funcionários e moradores ao redor do sítio aeroportuário.  A rede de atuação da Prohabitat está alinhada direta ou indiretamente aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, como exemplo podemos citar o programa de educação ambiental adote um ninho instaurado em vários locais do Brasil com ações voltadas a redução do consumo e incentivo as ações mais sustentáveis. O entrevistado finaliza com a mensagem nos dizendo que a fauna não é inimiga da aviação, e a prioridade do gerenciamento é zelar pela segurança do passageiro e do animal, além disso, fornecer todo suporte ao animal zelando pelo seu bem-estar.

Camila Vieira Curti

Doutora em Ecologia Evolutiva e Comportamental e Professora temporaria na USP, campus Pirassununga. Experiência em ecologia, comportamento e bem-estar animal

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