A entrevistada Tereza M. Pagliotto é coordenadora na Cooperativa de Coleta Seletiva, Beneficiamento e Transformação de Materiais Recicláveis (Cooperlagos). A Cooperlagos é uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis que surgiu em 2002 frente a preocupação de ofertar melhores condições de trabalho e melhores condições de vida aos catadores de materiais nos aterros sanitários. A entrevistada nos conta que a cooperativa tem como fundamento principal a proposta social de agregar e somar com os seus associados.
Atualmente, a cooperativa conta com 65 catadores de matérias recicláveis associados e tem como objetivo partilhar o recurso que vem da venda dos matérias recicláveis e também a partilhar as despesas com os associados. Tereza também reporta que ainda não há coleta seletiva em toda a parte do município, há apenas cerca de 8% do munícipio com coleta. No entanto, novas parcerias estão surgindo com a finalidade de ampliação e crescimento dos pontos de coleta. Tereza destaca sobre a necessidade da coleta seletiva ser realizada por catadores, pois essa função quando desviada para empresas não resulta nos mesmos cuidados. Ela ainda ressalta o importante papel e valor dos catadores na função que desempenham, pois eles são os protagonistas desta atividades. De acordo com a entrevistada “ coleta seletiva sem catadores é lixo, basta fazer a comparação”,
Um dos princípios da coleta seletiva é a economia de recurso natural. Dessa forma, é importante saber reconhecermos todos os recursos naturais e não desperdiçarmos a água para o enxague das embalagens em casa. A dica é reutilizar água para o primeiro enxague do material reciclável com resíduo.
A Cooperlagos também participa na coleta seletiva e no descarte correto de materiais eletro eletrônicos. A cooperativa está capacitada para separar e reciclar os produtos contaminantes que estão nos produtos elétricos eletrônicos para não impactar o ambiente e na saúde das pessoas. Os resíduos eletro eletrônicos estão categorizados em três linhas: linha branca (i.e., eletrodomésticos), linha marrom (i.e., recursos audiovisuais) e linha verde (i.e., computadores e tecnologias de informação). Apenas lâmpadas e pilhas que a cooperativa não recebe pois estão destinadas a logística reversa do fabricante.
A entrevistada finaliza com uma importante reflexão para um consumo consciente e necessidade de mudança de comportamento no descarte e padrão de consumo da sociedade afim de construirmos um mundo mais saudável, coletivo e equilibrados. O mercado ainda produz muitas embalagens consideradas rejeito. A cooperativa também realiza um bazar com produtos não recicláveis de decoração, antiguidades e bijuteria, provenientes do desapego. Todos os projetos desenvolvidos na cooperativa têm como meta a inclusão social, geração de trabalho e renda e preservação ambiental
Camila Vieira Curti
Doutora em Ecologia Evolutiva e Comportamental e Professora temporaria na USP, campus Pirassununga. Experiência em ecologia, comportamento e bem-estar animal
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